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Arquitetos: depA architects
- Área: 380 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:José Campos
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Fabricantes: CIN, Recor, Velfac, W7
A Casa construiu-se na cidade de Bragança, num lote poligonal de periferia, anónimo, semelhante a tantos outros que proliferam pelo território da Península Ibérica, na Rua Estrada do Turismo.
O projeto procurou reagir à condição suburbana que lhe parecia inevitável, rejeitando a implantação “tipo” do loteamento que não considerava a condição topográfica do terreno e que propunha um paralelepípedo único implantado no centro à cota do lote.
Assim, a casa é formada pela modelação do terreno em três níveis. Esses níveis, habitados por dentro e por fora, contêm cada um deles um núcleo programático distinto. O primeiro nível, que contém a garagem, usa os muros para criar uma frente de rua, num desenho capaz de confundir pátios com matéria construída. O segundo nível, mais recuado, concentra as acções do dia, com um espaço de cozinhar, um espaço para comer, um espaço de estar e um espaço de trabalho. O terceiro e último nível concentra os espaços de dormir, que se ligam por uma galeria interior generosa que pode também ser habitada. Na cobertura descobre-se ao fundo a cidade de Bragança. No ponto em que se consegue a vista mais alargada consegue-se também o espaço exterior mais reservado. É aí que se coloca a piscina.
A volumetria da casa, construída por um único material, o betão, ganha densidade através do trabalho das texturas. Nos dois primeiros níveis, que contactam francamente com o solo, o betão ganha uma aparência pétrea quando bujardado com jacto de areia. O nível superior apresenta-se mais delicado, com textura ondulada e com tonalidade roubada ao solo argiloso do local.
O interior descobre-se através dos múltiplos percursos ascendentes que cortam a casa e permitem a sua ligação com as diversas plataformas. As aberturas que relacionam os espaços interiores com os espaços exteriores não temem a estranheza provocada por uma harmonia pouco consensual. Procuram antes, com generosidade, reagir a três pontos essenciais: a possibilidade do ver, a especificidade ao programa e a procura da relação certa com o movimento do sol.